sábado, fevereiro 17, 2024

Porque Há Filhos Bandidos em Famílias Crentes


João Cruzué

Por que há filhos de crentes no meio da bandidagem e no tráfico de drogas? Aí está uma questão de resposta aparentemente fácil. Quem é que ainda não ouviu: "a boa parte dos nomes de presidiários brasileiros são nomes bíblicos. Afinal por que isso acontece? Será por falta de cuidados? tempo excessivo gasto na Igreja e negligência no cuidado dos pequenos? A primeira vista pode parecer um assunto de fácil dedução, mas eu descobri que não.

Uma das ilações mais ouvidas hoje  é: "A culpa é das mães dessas crianças que ficam orando em demasia dentro das Igrejas, enquanto seus filhos estão com más companhias do lado de fora. Excesso de oração e falta de acompanhamento do que eles fazem. Será?

Dona Nilza é mãe de D...., o braço direito do chefe de tráfico no Rio. Foi ela, uma senhora evangélica que junto com o filho pastor e alguns amigos crentes, convenceram o jovem a se entregar ao delegado do 6º DP., Dr. Luiz A. C. de Andrade.

O eletricista Ivanildo, evangélico de 55 anos, também seguiu o exemplo de Dona Nilza e levou o filho C. A.  a se entregar à Polícia carioca. Também há uns dois anos, o padrasto daquele garoto que roubou o carro de uma senhora e arrastou o filhinho dela preso na porta do carro por alguns quilômetros - também era evangélico. Não há, portanto, nenhum segredo em dizer que há mesmo muitos filhos de crentes envolvidos na vida criminosa.

Para os que tenta explicar de uma maneira fácil esta questão, vamos ao seguinte fato: Deus criou o primeiro Casal: Adão e Eva, e eles geraram Caim e Abel. Caim foi o primeiro criminoso sobre a terra, segundo o que se lê nas Sagradas Escrituras. Onde foi que Adão e Eva erraram? Eles oravam demais? Iam a Igreja? Não tinham tempo para conversar com os filhos? Eram pessoas muito ocupadas? Para todas estas perguntas, eu creio que as respostas sejam a mesma: não!

Esaú, o filho gêmeo de Isaque e Rebeca, planejou a morte do irmão que lhe passou a perna no caso da bênção da primogenitura. O resultado foi que jurou de morte o irmão esperto: Jacob. Só não chegou a matá-lo, porque Deus interveio.

José, o primeiro filho de Jacob com Raquel, sofreu muito na mão dos irmãos. Foi amarrado, jogado num poço, vendido como escravo, acusado injustamente por uma mulher adúltera, preso, esquecido na prisão - e apesar de tudo isto, não se tornou um criminoso.

O Rei Davi, o homem que tinha um coração segundo Deus, foi o maior Rei sobre a nação de Israel. Um de seus filhos praticou um incesto com a irmã, outro filho vingou o incesto matando o irmão, e mais tarde se voltou contra o pai e tentou matá-lo, seguindo conselhos malignos.

O que estes fatos têm em comum? A contaminação da raça humana pelo pecado. Ele espreita bem de perto, principalmente as famílias dos crentes, para destruir, envergonhar, escandalizar e manchar de vergonha qualquer família cristã. Contra isso é preciso orações, jejum e muita conversa ao pé do ouvido dos filhos.

Não quero dizer com isso que a maioria dos casos de bandidagem entre filhos de crentes está a falta de coragem dos pais em confrontá-los, fingindo que são bons meninos. Conheci um grande pastor perdeu três filhos assassinados. Todos eles envolvidos de alguma forma com más companhias. Estar atento ao que acontece com os filhos é o grande dever dos pais. 

Conheço também um caso bem sucedido. Pai e mãe cristãos trabalhavam de segunda à sábado. Os filhos ficavam com a avó e também na rua perambulando com outras crianças. Quando o pai descobriu que um desles, com apenas quatro anos pegava o ônibus do bairro para ir roubar brinquedos em outro de grande comércio - ficou horrorizado. Tratou de mudar da Capital para um lugar bem longe, longe destas companhias. Sua drástica atitude evitou que aquele menino se tornasse um criminoso mais tarde.

Por que há filhos de pais crentes que envolvidos no tráfico de drogas e na bandidagem? Há várias e possíveis explicações. E nenhuma delas seria suficiente para explicar 100% o fato. Há um fator no Brasil que não é intrínseco aos pais que traz grande dor de cabeça: nenhum adolescente pode trabalhar antes dos 16 e 18 anos. Eu pergunto: é fácil para um jovem de 18 anos aprender a trabalhar já quase adulto? É corretíssima a Lei que dispõe sobre a obrigação dos pais matricularem seus filhos na escola e mantê-los apenas estudando até os 18 anos. Por acaso os criminosos respeitam esta lei? Não, não respeitam. Eles exploram as necessidades destes adolescentes, geralmente sem dinheiro algum no bolso, para conduzi-los ao mau passo. O governo não deixa, mas há emprego "garantido" no tráfico para os filhos dos mais pobres.

A conclusão a que chego é que em alguns casos a falha está na falta de amor dos próprios pais em pensar que amar é somente passar a mão na cabeça dos filhos e fingir que não veem, nem confrontam seus mal-feitos. Em outros casos, há pais de conduta irrepreensível que possuem filhos criminosos. Uma atitude eu não posso negar: Deus confrontou Caim; os irmãos de José foram confrontados com suas próprias consciências quando estiveram em apuros no Egito; Deus impediu o intento criminoso de Esaú quanto à Jacoó. Davi só não perdeu a família toda para o diabo, porque se arrependeu e era um homem de oração. E, por fim há um caso de grande exemplo na Bíblia para os pais que estão passando pela angústia de ter filhos criminosos: o Pai do filho pródigo. Se ele não fosse um pai amoroso nem tivesse um coração perdoador, seu filho caçula teria sido mal recebido e teria feito meia volta e fatalmente seria um criminoso.

Sempre houve e sempre haverá criminosos no meio de famílias decentes e honradas, como também no meio de famílias de cultura criminosa pode ter filhos que são corretos e trabalhadores. O que não pode acontecer é negar o perdão e um abraço amoroso para quem deseja recomeçar, nem deixar o filho morrer no crime sem confrontá-lo e aconselhá-lo a acertar as contas com a justiça. É uma situação muito difícil, que somente a misericórdia de Deus pode ajudar. O que não pode se esquecido é que os filhos são herança de Deus aos pais e que esta herança pode ser um suplício por uma falha de atitude dos pais: ou falta de oração, ou falta de encaminhar seus pequenos para a Casa de Deus, ou falta de amor por não corrigi-los antes que o diabo os leve à destruição. Que Deus nos guarde e aos nossos filhos também.

Uma Vez Salvo, Salvo Para Sempre?



João Cruzué

 Há algum tempo tenho ouvido esta assertiva calvinista: Uma vez salvo, salvo para sempre; o homem nada fez para ser salvo e nada precisa fazer para manter ou perdê-la - o ensino de uma salvação absoluta. Eu sei que na Bíblia há pontos difíceis, um deles é Romanos 9:13 - "Amei a Jacó e aborreci Esaú". Será que Deus olhou para os dois e, de repente, simpatizou-se com Jacó e não foi com a "cara" de Esaú? Vamos ver isto um pouco mais de perto.

Muitos pregadores crucificam o caráter de Jacó, com suposições sem fundamento. Será que Jacó era mesmo um enganador, tanto quanto Abrão era um mentiroso? Não é propósito deste texto tratar desta questão, considerando que os feitos dos dois falam por si. O coração de Jacó se inclinava para o sagrado, enquanto que o de Esaú era profano. Mundano. Quando ele arranjou duas mulheres heteias, formou um lar dentro de um conceito de família reprovável. As duas foram fontes de amargura para os sogros. Mas, o que mais pesou no coração de Deus para aborrecer Esaú, foi o seu desprezo pela bênção da primogenitura.

Tenho meditado esses dias no livro do profeta Ezequiel. Mais precisamente no capítulo 33. Se por um lado, Filipenses 1:6 diz que "Estou certo, que aquele que começou a boa obra em vós, a aperfeiçoará até o dia do Senhor Jesus", no capítulo 33 de Ezequiel, entre outras coisas, está escrito assim:

EZEQUIEL 33:13

"Quando eu disser ao justo que certamente viverá, e ele, confiado na sua justiça, praticar iniquidades, não virão a minha memória todas as justiças, mas na sua iniquidade morrerá."

EZEQUIEL 33:14

"E quando eu disser ao ímpio que: certamente morrerá; se ele se converter do seu pecado, e fizer juízo e justiça, restituindo o penhor, pagando o furtado, andando nos estatutos da vida e não praticando iniquidade, certamente viverá, e não morrerá!"

Daí, meu entendimento é: A salvação é de graça e pela graça. E Deus, vendo a terra e os homens na miséria do pecado, decidiu descer até aqui para trazer sua graça até nosso nível. E uma vez tendo sido perdoados e salvos, os frutos são uma consequência natural. Mas, a salvação proposta por Deus não é uma reta de chegada, mas um caminho a ser percorrido. A porta é Jesus, depois segue-se o caminho estreito. A salvação é recebida de graça, é mantida pela graça, mas pode ser perdida se, de nossa parte, desprezarmos a santificação, a justiça e a comunhão com Deus.