domingo, agosto 23, 2009

A Igreja evangélica no tomógrafo da verdade

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João Cruzué

Esta semana eu li uma crônica de Carlos Heitor Cony que falava do Bispo. Do bispo da Igreja Universal. De denúncias, de perseguições, condenações, charlatanismo, dízimos, Cristo, Maomé, etc. Está no caderno da Ilustrada de sexta, 21.08.2009. Sobraram algumas cotoveladas, indiretas, sem contundência. Na verdade o texto era meio espagueti. Enrolado, enrolado, mas sem radicalizar com sua eminência universal.

Fiquei com sua introspecção dos dois últimos parágrafos. "O que a história realmente conta é que, mais cedo ou mais tarde, quando as religiões são oficializadas, estruturadas em seu culto e doutrina, elas tendem monotomamente a perseguir e a desprezar os começos de qualquer outro culto ou doutrina. Mas à medida que a barra fica pesada, sobretudo para os seguimentos mais miseráveis da sociedade, a busca pelo milagre e pela salvação é boa semente para todo aquele que, em nome desse ou daquele Deus, oferece à fome da alma humana o milagre da saúde e o pão da esperança."

A estruturação, "teologização", organização das funções da Igreja, sem dúvida burocratizam o sagrado. Esfriam o santo e entram em um processo irreversível de entristecimento do Espírito. E no meio dessas cinzas reinam estruturas sinédricas, cujos nicodemos de vez em quando vão ao Senhor à noite para perguntar o que é nascer de novo.

É por isso que no meio dos anos, das décadas, dos séculos, dos milênios Deus com infinita misericórdia escolhe outros homens para o trabalho da seara. Interessante é que não perde Seu tempo para assobrar velhas cinzas. Não fez isto em Jerusalém, nem em Roma, nas Igrejas tradicionais e não fará nas (ex)pentecostais. Não entendo bem isso, mas tem sido assim.

Edir Macedo Bezerra nasceu em 18 de fevereiro de 1945. Fundou a Igreja Universal em 09 de julho de 1977. É presidente do conselho das Redes de TV Record, Record News, Rede Família de TV. Fundador da Grafica Universal e do Portal Arca da Web. Criador e presidente do Conselho da Rede Aleluia de Rádio. Fundador e responsável pela Igreja Universal do Reino de Deus, com igrejas em mais 100 países da América, África, Europa e Ásia.

Nome polêmico entre católicos e protestantes. Crentes e ateus. A imprensa o chama de charlatão. Os crentes de outras igrejas o acham um homem desviado. Os incrédulos e mesmos muitos crentes o chamam de "ladrão". A rede Globo procurou massacrá-lo no início dos anos 90. E 15 anos depois continua movendo seus "peões" para defenestrá-lo. Se existe uma liderança que incita as emoções e as paixões de todos os brasileiros ela tem um nome: Bispo Macedo.

Mas as pessoas esquecem do outro lado. Se os fiéis da Igreja Universal, hoje, são contados entre 4 e 8 milhões de membros, isso tem que ser creditado primeiro a Deus. Depois ao exercício dos talentos do Bispo. É verdade que muitos vão comparecer diante do tribunal de Cristo dizendo que operaram muitos milagres e ganharam muitas almas. Também é sabido que Cristo vai dizer para os tais "Apartai-vos" de mim malditos, para o fogo eterno". Entretanto, a meu ver coisa muito pior é ver tantos "santarrões" com talento enferrujado e bem enterrado.

Mas meu verbo neste texto não é de açoite ao bispo, nem a Cony nem contra "apóstolos" ou papas. É contra os imenso morros de cinzas que muitas denominações evangélicas estão se transformando. Não há projetos sérios, mas sobram vaidades. Não há entusiasmo evidente, mas a apatia pode ser lida nos olhos de tantos. Nunca vi tantos seminários em nossos dias, paradoxalmente esses diplomas são tão secos que a fome espiritual já chegou dentro dos próprios templos. Crentes famintos de Deus, e "cheios" de prosperidade.

O que vai acontecer com esses montes de cinzas? Vai o Senhor promover um avivamento neles? Minha experiência de cinquenta e poucos anos me mostra que não. Deus não perdeu seu tempo para avivar o Templo de Jerusalém. Nem reformou a Igreja Católica, apesar da Reforma. Nem as Igrejas protestantes tradicionais no início do século XX. Ele tem por costume escolher homens e mulheres simples, para assopra-lhes nas narinas o sopro do Espírito. E eles saem de suas próprias Igrejas, pois ali são rejeitados. E vão para outras portas. E lá começam do zero. E em 20, 30 anos constroem ministérios sob a inspiração divina que varrem os quatro continentes. Outros David Mirandas, outros Edir Macedos.

E o ciclo em espiral continua. Avivamento, organizações humanas, burocratização, cinzas. Se não fora isso, as antigas Igrejas se tornariam em proprietárias do céu. Seus pastores, bispos e apóstolos em projetas da verdade absoluta. Suas famílias em longas dinastias. Assim como o sol determina as estações do ano, Deus, por sua graça promove novos pastores e bispos para distribuir o Pão do Evangelho às multidões de famintos e oprimidos pelo diabo.

Eu estou consciente (e triste) em dizer isso. Por outro lado, glorifico o nome do Senhor, pois tenho presenciado o mover da sua mão levantando homens e ungindo grandes ministérios. Eles vêm e passam. Mas o nome do Senhor permanece para sempre. E milhões de almas ouvem o Evangelho.



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