quarta-feira, setembro 18, 2013

O ministro Celso de Melo e o Dr. Spock

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João Cruzué

Hoje é um dia especial - quarta-feira 18 de setembro de 2013. Neste dia, o decano do STF - Supremo Tribunal Federal, Ministro Celso de Melo vai desempatar um jogo cujo placar está 5 x 5. De um lado, está  a torcida do time  dos mensaleiros. De outro, a nação brasileira que há mais de um ano espera ver na cadeia um punhado de homens que trocaram a virtude pela manipulação de consciências. O voto do Ministro vai mostrar, não somente para os brasileiros, mas para todo o mundo se o Brasil é um país sério ou uma republica de bananas nanicas.

Eu não sei o que o Ministro pensa, mas diante de tão grande responsabilidade, imagino que vai colocar  sua consciência do lado do povo brasileiro. Ainda que ele pense diferente, não sei se é o caso, creio que a ocasião não é propícia para defender as próprias crenças, senão a de usar a razão e enfiar a emoção no saco. [Não foi isso que aconteceu]

"As necessidades de muitos se superam as necessidades de poucos" - está é a máxima do Dr. Spock.

Creio que esta frase deveria resumir o espírito do voto que espero que o Ministro profira. Qualquer coisa diferente disso vai produzir um estrago tão grande na credibilidade do STF, que nunca mais poderá ser recuperado.

Antes de terminar quero dizer uma coisa:  Descobri que voto de cabresto não é um coisa inerente apenas aos currais eleitorais das regiões mais pobres da nação. Ao conferir os cinco votos dos ministros a favor dos mensaleiros, na questão dos embargos infringentes, eu vejo que quatro deles são os ministros mais novos da casa. Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber e Dias Tofoli.

Uma "grande" coincidência... que não tem outro nome para mim, senão voto de cabresto. Voto de gratidão para mim é, sim, voto de cabresto.

Por esta razão,  prevejo que o ministro Celso de Melo não vai dar um "tiro" no resto da honra que o STF teria diante da nação brasileira. Se ele não fizer isto, o STF perderá a grande oportunidade de servir ao Povo Brasileiro.

Na minha opinião, ele não teria outra escolha a não ser votar "NÃO" contra uma manobra protelatória  de uma ação que está  há mais de um ano sendo requentada no plenário da Corte Suprema desde 2005.

Post script:
Depois de ter ouvido o voto, dado por volta das 16/17 horas, por mais que queiram interpretar seu voto, descobri que o ministro foi muito eficiente, mas lhe dou zero de eficácia. A era da impunidade foi legalizada pelo voto de Celso de Melo. Assim como  planejou o grande líder dos mensaleiros, a coisa vai mesmo dar em piza. Quero dizer aqui que Zé Dirceu, o chefe dos mensaleiros, está convidando para um grande churrasco para comemorar os 6 x 5 de hoje em grande estilo.

Para o povo brasileiro o STF inverteu a lógica spockiana: agora é "A safadeza de poucos superam as necessidades de muitos."






Um comentário:

Juscelino Nery disse...

Caro João,
Como diria a escritora Lya Luft numa de suas colunas na Revista Veja "eu pensava que já tinha visto de tudo". Até respeito a argumentação do Ministro para proferir seu voto restritamente técnico, juridicamente. Porém, não me convenço dessa tecnicidade, pois se assim o fosse, não haveria dúvidas jurídicas pelos demais ministros que votaram contra os "embargos da legitimidade da corrupção". O resultado teria sido 11 x 0, ou 10x1, 9x2, 8x3, etc. Nem o Judiciário escapa da Ilha da Fantasia e do Circo, como sempre me refiro aos ilustres representantes dos Poderes; e o povo, claro, o palhaço da história, vai mais uma vez comer pizza....humm que delícia!!!