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sexta-feira, março 08, 2019

Mãos de Marta e Coração de Maria

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Maria, Marta e Jesus.
João Cruzué

No dia que escrevei este post, 
desci à sala para orar, e um pensamento veio, para pedir ao Senhor que falasse comigo. Ao abrir a Bíblia, antes da oração, que Deus falou. E como gosto de fazer, vim até aqui para compartilhar. sobe o elo que existe entre os fatos passados na casa de Marta e Maria e a parábola do "bom samaritano".

-Senhor fala comigo pela sua Palavra, eu pedi. Há dias em que temos mais necessidades de orar que outros, e esta semana em especial, tem sido bem difícil, pois são vários os motivos para bater, buscar e pedir recurso onde se pode achar.

Meu antigo companheiro, auxiliar dos meus tempos de "pastor" estava fazendo quimioterapia. A esposa de outro amigo de muitos anos, também colega de ministério, jazia em um leito de UTI, havia três meses. Seu cérebro foi muitíssimo danificado com três paradas cardíacas. Isso ainda não foi tudo. Um antigo Pastor, dos meus tempos de jovem, estava há mais de 12 anos em uma cadeira de rodas, deprimido. Não mais lê, deixou a fisioterapia, disse-me que apenas fecha os olhos e ora constantemente. Depois de ter sofrido um derrame, teima que só voltará à Igreja depois de curado e de uma forma maravilhosa, mas já se passaram mais de 12 anos.... Como você pode perceber,  minha alma não estava tranquila diante dessas coisas tristes.

Ao abrir a Bíblia no final do capítulo 10 de Lucas veio o texto de Marta e Maria, continuando na parábola do bom samaritano. São palavras muito conhecidas, mas que naquele dia se fizeram novas para mim.

A preocupação de Marta era o serviço. Andava para lá, andava para cá. Imagino, arranjando lenha, assoprando brasas do fogo, limpando as panelas, assando um pão, talvez depenando alguma ave ou mesmo temperando um pequeno cordeiro. O tempo passava depressa a  noite estava se aproximando , e nada da ajuda de Maria.

Maria se esquecera completamente do serviço. Assentada aos pés de Jesus, (não havia nem cadeiras nem mesas altas naquele tempo e naquela cultura) ouvia com o coração ardendo o falar do Mestre. O tempo passava e ela não se cansava, como de vez em quando ainda acontece em nossos dias, quando a presença do Senhor se faz muito forte em algum culto.

Marta estava preocupada em servir, e Maria esquecera-se de tudo para  ouvir;  ouvia e queria mais ouvir as palavras do Senhor. Marta receosa de não dar conta do trabalho sugeriu ao Mestre: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude.

A comunicação é uma coisa boa; precisamos mesmo nos comunicar. Mas comunhão é algo muito mais profundo. Qualquer um pode comunicar-se, dizer bom dia, boa tarde, reportar o tempo; alguns podem orar acompanhados por uma hora, duas ou quem sabe até uma vigília inteira. Mas nem todos assuntos falados significam comunhão; isto é mais que sabido. Por exemplo: tenho duas filhas. Uma já se casou e a mais nova já tem namorado. Imagine que eu me assente à sala e passe a tarde inteira junto aos dois "segurando vela", como se diz em nossa cultura. Eles podem conversar assuntos os mais variados - mas nenhum deles vai ter a coragem necessária, por exemplo, para dizer "eu te amo".

Ano de 2019, século XXI - aqui estamos nós. Afadigados, preocupados, sem tempo... Como diligentes Martas, quem sabe até dando ordens ao Senhor. É um corre-corre, um sobe-e-desce, um ensaia-ensaia, um prega-prega, um canta-canta, um ensina-ensina   domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado e chega o outro domingo. Estamos servindo? Sim! Estamos trabalhando? Muito! Estamos nos afadigando? Sim! Mas, por que estamos vazios e colhendo tão pouco?

Não temos mais tempo para comunhão com o Senhor. 

Não mais somos como um noivo/a apaixonado/a. Ele quer nos ouvir e também falar conosco, mas não temos mais tempo para isso. Estamos nos enganando ao pensar que se trabalharmos dez vezes mais seremos 10 vezes mais eficientes na Igreja, planejando que órgão ou departamento que cuidamos vá decuplicar de tamanho. Aí começa vir a besteiras, pois não conseguimos mais orientações com Deus.

A conseqüência disso pode ser entendida na mesma página da minha Bíblia. "Descia um homem de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de salteadores, que o despojaram, espancaram-no, deixando-o quase morto. E ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho um sacerdote, que vendo-o, passou ao largo. Eis que de igual modo, também passava um levita, que também o viu e passou ao largo.

Quem são o sacerdote e o Levita? Decerto que representam os que conhecem e ensinam palavra de Deus. Apressados, estressados com a fadiga do serviço do altar, não conseguem mais ouvir a voz do Senhor por falta de comunhão. Eles são como as mãos de Marta.

"Mas um samaritano que ia de viagem aproximou-se do ferido e vendo-o moveu-se de íntima compaixão". Talvez por ter sofrido no passado um ataque semelhante. "E aproximando-se, atou-lhe as feridas aplicando-lhes azeite e vinho. E pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. E partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, deu-os ao hospedeiro e recomendou-lhe: Cuida dele, e tudo o que mais gastares, eu to pagarei quando voltar". Aqui o temos um resultado diferente, pois atuaram em conjunto as "mãos" de Marta e o "coração" de Maria.

Os três personagens viram a mesma cena, mas suas atitudes foram inesperadas. Os dois primeiros julgaram que sua religião ou seus afazeres eram mais importante e tinham prioridade sobre um estranho caído no chão. O primeiro era um ministro a serviço do altar e segundo seu discípulo. Seus olhos não mais se comunicavam com o coração. Em algum lugar de suas vida eles perderam a compaixão e tornaram-se insensíveis à voz do Espírito que fala. Do samaritano poderia se esperar tudo, menos compaixão. 

E foi assim que entendi antes de começar minha oração, que não importa quão engajados nós estejamos em grandiosos projetos aos olhos alheios ou dos nossos próprios, há uma grande multidão muda, surda e em grande miséria ao nosso redor. Se dermos prioridade as coisas que nos interessam e relegarmos ao secundário os momentos que precisamos passar a sós com Deus, necessários para ouvir a Sua voz e fazer a sua vontade, ficaremos irremediavelmente secos de compaixão.

Por isso, vamos colocar o título da mensagem na ordem correta: "Coração de Maria e mãos de Marta". Primeiro a comunhão e depois o serviço.







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terça-feira, dezembro 30, 2014

O encontro de Marta e Maria com Jesus

O Reino dos céus é como um rei que preparou um banquete Mt 22:2


Wilma Rejane

Betânia era uma pequena cidade, a duas milhas de distância de Jerusalém, o nome é uma referência a “lugar de figos verdes”. Jesus e os discípulos frequentavam Betânia, haviam se tornado amigos da família de Marta, Maria e Lázaro. Nessa residência eles geralmente se reuniam para refeições e ensino da Palavra. É curioso, mas os três irmãos pareciam ser órfãos, pois em nenhum momento se ouve falar de seus pais, nem mesmo quando da morte e ressurreição de Lázaro. Uma pequena família liderada pela irmã mais velha chamada Marta, seu nome reflete bem sua condição: “Marta = dona de casa”.

Do encontro de Jesus com esses irmãos aprendemos lições magníficas, e aqui trato especificamente do episódio que ficou conhecido como “Jesus na casa de Marta e Maria”. São cinco versos do Evangelho de Lucas 10: 38-42: 

  • Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado onde certa mulher chamada 
  • Marta o recebeu em sua casa. Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo a sua palavra.
  • Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: "Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!"
  • Respondeu o Senhor: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas;
  • Todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada".

No diálogo com Jesus, há referência explícita sobre “ ansiedade, preocupação e ocupação”. Essas coisas estão presentes em Marta que se movimenta de um lado para outro da casa, na intenção de proporcionar uma ceia de qualidade aos anfitriões. Já Maria reflete o caráter de alguém disposto a aprender, a crescer espiritualmente, a companhia de Jesus é o maior atrativo para ela.

Maria demonstra de inicio, maior discernimento e prontidão sobre as coisas do Reino de Deus e Marta é bem eficiente e hábil com as questões domésticas. Olhando para as duas irmãs e seus modos de comportarem-se diante de Jesus, aprendemos sobre relacionamentos com Deus e com os homens.

Tenho lido e relido diariamente essa passagem, com o objetivo de não me deixar “tragar” pelas muitas ocupações diárias, pela ansiedade e perturbação que tão de perto nos ronda em um mundo que exige cada vez mais rapidez e diversidade de talentos. Algumas pessoas já acordam com a mente repleta de pensamentos sobre o dia que inicia e no raiar do sol, já se faz um  diagnóstico de cansaço e  murmurações. Assim como Marta, na melhor das intenções.

Porém, é com Maria que está a chave para a paz e a confiança diária. Jesus diz: “Marta, Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas, todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu essa boa parte”. Ou seja: o melhor dos banquetes ofertado a Jesus, não se compararia ao Banquete que Ele tinha a oferecer para elas, as irmãs. O melhor vinho, a melhor carne de carneiro, as mais finas especiarias sobre à mesa, eram meros coadjuvantes, o melhor da festa era Jesus, e Maria estava desfrutando disso.

Poderíamos perguntar: "se Marta não cuida da refeição, seria desleixo. Quem iria servir?" Jesus não repreende o trabalho de Marta em detrimento da acomodação de Maria, mas elogia Maria chamando a atenção de Marta para que esta não negligencie a comunhão com Deus.

A atenção de Maria para com Jesus pode ainda simbolizar: reservar tempo para nossos relacionamentos familiares e sociais. Ouvir as pessoas, sentar com elas, dedicar tempo para família, amigos. É que às vezes, as coisas parecem ocupar o lugar das pessoas, sendo que estas últimas são infinitamente mais valiosas e carentes de afeto e atenção. Claro, coisas por mais caras que sejam não ocupam de fato, lugar de pessoas essa é uma ilusão, porém real em nossos dias.

Já fui como Marta até aprender com Jesus que precisava parar, rever valores, agir como Maria. Ela sentou aos pés de Jesus para ouvi-Lo em um tempo que apenas homens faziam isso. Os discípulos podiam ser vistos frequentemente aos pés de seus mestres, enquanto que as mulheres, ficavam de pé, ao longe. Maria fez diferente e melhor, ela anelou a companhia de Jesus e debruçou todo seu ser em atenção as palavras do Mestre, aos Seus pés. Essa é “melhor parte” que nos tranquiliza diante da correria do mundo.

Você está ansioso, preocupado, submerso em muitos afazeres? Pare um pouco, reserve um tempo para ficar a sós com Jesus. Converse, escute. Leia a Palavra de Deus e entregue para Ele todo o fardo. Um verso de Mateus nos diz: “Não andeis preocupados, cuidadosos com muitas coisas...” Mt 6:25. A tradução para “andeis cuidadosos” é “merimnao” de “merizo”, que quer dizer “dividir em partes” (Dicionário Strong 3309) . Marta estava dividida, preocupada, ansiosa. Maria não.

O exemplo de servir, estava em Maria e não em Marta, irônico, não? Logo Marta que não parava de   trabalhar? O problema não era o trabalho, mas a atitude. Sua mente, seu espírito estavam atribulados porque lhe faltava a comunhão. Maria, a mais nova, também era prendada na cozinha e certamente uma boa auxiliar doméstica, mas priorizava o relacionamento com Jesus. Priorizar Jesus. Não conheço nada mais balsâmico, eficaz e tranquilizador do que aprender com Jesus e obedecer a Ele.


“Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças; e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. ” Filipenses 4:4-7

Amados irmãos, essa reflexão também é para mim, pois necessito priorizar o relacionamento com Jesus e não murmurar, estressar  e desesperar pelas muitas ocupações diárias e relacionamentos sociais. Acumular preocupações e ansiedades não resolvem a vida, só atrapalham. Na casa de Marta, Maria e Lázaro, Jesus nos ensina. E quando houve algo grave na casa dos irmãos (a morte de Lázaro por exemplo), Jesus foi ao encontro da família e socorreu-os. Ele não foi no mesmo instante que ficou sabendo da morte do amigo, porque eles precisavam aprender ainda outras coisas sobre fé e amor. Mas Ele foi.

Marta convidou Jesus para ir até sua casa, a família amava a Jesus e Ele também os amou. E mesmo quando acharam que o Amigo estava distante, Ele estava próximo e atento. Que nosso vida seja como essa lição da “casa dos figos verdes” que alimenta aos anfitriões, mas prioriza o ser alimentado por Deus.

Amém.

sexta-feira, setembro 26, 2014

Marta e Maria na presença de Jesus.

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A presença de Jesus

João Cruzué

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Marta Recebeu Jesus em sua Casa.

Maria era irmã de Marta.

Marta estava distraída em muitos serviços.

Maria assentou-se para estar ao pé de Jesus.

Marta foi se queixar.

Senhor, manda Maria ajudar-me


E Jesus lhe respondeu:


Marta, Marta. Por que está ansiosa

e fadigada com tantas coisas?


Maria escolheu a boa parte. A melhor parte.

Maria se esquecera de tudo

quando estava na presença

do Senhor.



Você sabe o que significa estar na presença do Senhor? Vou contar aqui duas oportunidades que tive. Por duas vezes a presença do Senhor deixou sua marca indelével em minh'alma. É por isso que eu sei porquê Maria se esquecera completamente do trabalho e não se moveu de diante de Jesus enquanto ele ensinava.

Na primeira vez, eu estava com o Irmão Enoque na Igreja Assembleia de Deus do Brás, à Rua Major Marcelino. Não eram palavras, era o Espírito de Deus derramando uma alegria tão grande que meu coração se apertou e os olhos molharam a minha face. O pastor pregava, a Igreja estava em silencio e eu sentindo meu coração transbordar de alegria na presença do Senhor.

Na segunda vez, foram poucos anos depois. O Pastor Luiz de França (falecido em 2014) pregava e eu estava na congregação do Jardim Novo Santo Amaro. Era um culto calmo, mas não continuou assim por muito tempo. Pelo menos para mim. Sei que Deus fala com seus filhos, todavia nem sempre com todos no mesmo dia e local. A Igreja (de novo) estava em silêncio, ouvindo,  mas meu coração começou a arder, meus olhos começaram a louvar a Deus com lágrimas que desciam pelo meu rosto. Eu tinha encontrado um cantinho do céu naquela Igreja.

Eu posso lhe dizer, com certeza, depois disso, porque Maria se esquecera de tudo enquanto Jesus falava! Em tempos de tanta coisa triste, ouvir a voz de Deus é muito bom para o nosso coração. A razão disso está naquele versículo que Jesus citou, na tentação do deserto: 

Nem só de pão vive o homem,

Mas de toda palavra que sai da boca de Deus.











segunda-feira, janeiro 13, 2014

Mãos de Marta e coração de Maria


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Maria, Marta e Jesus.
João Cruzué

Ontem, quando
 fui à sala para orar, um pensamento veio e eu pedi ao Senhor que falasse comigo. Ao abrir a Bíblia,  antes da oração, pude perceber que Deus falou. Como sempre gosto de fazer vim até aqui para compartilhar uma mensagem interessante. Pela primeira vez percebi que há um elo muito forte entre os fatos que se passaram na casa de Marta e Maria, irmãs de Lázaro, e a parábola do bom samaritano.

--Senhor fala comigo pela sua Palavra, eu pedi. Há dias em que temos mais necessidades de orar que outros, e esta semana em especial, tem sido bem difícil, pois são vários os motivos para bater, buscar e pedir recurso onde se pode achar.

Meu antigo companheiro, auxiliar dos meus tempos de "pastor" está fazendo quimioterapia. A esposa de outro amigo de muitos anos, também jaz, há três meses, em um leito de UTI. Seu cérebro foi muitíssimo danificado com três paradas cardíacas. E isso ainda não é tudo. Um antigo Pastor, dos meus tempos de jovem, está há mais de 12 anos em uma cadeira de rodas, deprimido... Não mais lê, deixou a fisioterapia, disse-me que apenas fecha os olhos e ora constantemente. Depois de ter sofrido um derrame, teima que só voltará à Igreja depois de curado e de uma forma maravilhosa. E já se passaram mais de 12 anos, e a forma "maravilhosa" não veio. 

Como você pode notar, eu não conseguiria mesmo estar com a minha alma tranquila diante dessas coisas muito tristes, e quando isto acontece, vou orar e interceder com Deus pelas causas de meus amigos e conhecidos.

Ao abrir a Bíblia, me deparei com uma página inteira do final do capítulo 10 de Lucas. Primeiro, vem o texto na casa de Marta e Maria, continuando na parábola do bom samaritano. São palavras muito conhecidas, mas que ontem se fizeram novas para mim.

A preocupação de Marta era o serviço. Andava para lá, andava para cá; imagino: arranjando lenha, assoprando brasas do fogo, limpando as panelas, assando um pão nas brasas, talvez depenando alguma ave, ou mesmo temperando a parte de um cordeiro. O tempo passava depressa,  a noite estava chegando  e nada da ajuda de Maria.

Maria se esquecera completamente do serviço. Assentada aos pés de Jesus, (não havia nem cadeiras nem mesas altas naquele tempo e naquela cultura) ouvia com o coração ardendo as palavras do Mestre. O tempo parou para ela, como ainda acontece em nossos dias, quando a presença do Senhor se faz muito forte em algum culto.

Marta estava preocupada em servir, e Maria esquecera-se de tudo para ouvir. E ouvia, e mais queria ouvir as palavras do Senhor. Marta receosa de não dar conta do trabalho, foi reclamar ao Mestre: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude.

A comunicação é uma coisa boa; precisamos mesmo nos comunicar, mas comunhão é algo muito mais profundo. Qualquer um pode se comunicar, dizer um bom dia, uma boa tarde, perguntar pela família, reportar o tempo. Alguns podem orar acompanhados por uma hora, duas ou quem sabe até uma vigília inteira. Mas nem todos assuntos falados significam comunhão; isto é mais que sabido. Por exemplo: tenho duas filhas. Uma já se casou e a mais nova já tem namorado. Imagine que eu me assente à sala e passe a tarde inteira junto aos dois "segurando vela". Eles podem conversar assuntos os mais variados, mas diante da minha presença nenhum deles vai ter a coragem  para dizer "eu te amo".

Ano de 2014, século XXI - aqui estamos nós. Afadigados, preocupados, sem tempo, como diligentes Martas, quem sabe até dando ordens ao Senhor. É um corre-corre, um sobe-e-desce, um ensaia-ensaia, um prega-prega, um canta-canta, um ensina-ensina... Domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado e chega o outro domingo. Estamos servindo? Sim! Estamos trabalhando? Sim! Estamos nos afadigando? Muito! Mas, por que estamos ficando vazios de alegria espiritual e colhendo tão pouco?

Não temos mais tempo para comunhão com o Senhor. Não somos mais como noivos  apaixonados. Ele quer nos ouvir e também falar conosco, mas afadigados, não temos mais tempo para isso. Estamos nos enganando ao pensar que servindo dez vezes mais seremos muito mais espirituais e a Igreja, órgão, ou departamento que cuidamos vai decuplicar de tamanho. Aí começamos a fazer besteiras, pois não conseguimos mais ouvir lá no fundo do coração as orientações com Deus.

Causa.


A consequência disso pode ser entendida na mesma página da minha Bíblia. "Descia um homem de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de salteadores, que o despojaram, espancaram-no, deixando-o quase morto. E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho um sacerdote, que vendo-o, passou ao largo. Eis que de igual modo, também passava um levita, que também o viu e passou ao largo.Quem são o sacerdote e o Levita? Decerto que representam os que conhecem e ensinam palavra de Deus. Apressados, estressados com a fadiga do serviço do altar, não têm mais tempo para ouvir a voz do Senhor,  por lhes falta a comunhão. Eles são como as mãos de Marta."Mas um samaritano que ia de viagem aproximou-se do ferido e vendo-o moveu-se de íntima compaixão". [talvez por ter sofrido no passado um ataque semelhante] "E aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho. E pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. E partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, deu-os ao hospedeiro e recomendou-lhe: Cuida dele, e tudo o que mais gastares, eu to pagarei quando voltar". Aqui o temos um resultado diferente, pois atuaram em conjunto o "coração" de Maria com as "mãos" de Marta.

Os três personagens viram a mesma cena, mas suas atitudes foram inesperadas. Os dois primeiros julgaram que sua religião ou seus afazeres eram mais importante e tinham prioridade sobre um estranho caído no chão. O serviço na frente do amor. O primeiro era um ministro a serviço do altar e o segundo um servidor do templo. Seus olhos não mais se comunicavam com o coração. Em algum lugar de suas vida eles perderam a compaixão e tornaram-se insensíveis às necessidades alheias e à voz do Espírito Santo. Do samaritano poderia se esperar tudo, menos compaixão. Dos religiosos, tudo, menos omissão. Atitudes inesperadas!

E foi assim que entendi,  antes de começar minha oração, que não importa quão engajados nós estejamos em grandiosos projetos aos olhos alheios ou dos nossos próprios olhos. Há uma grande multidão muda, surda, padecendo grande miséria ao nosso redor. Se dermos prioridade somente às coisas que nos interessam, e relegarmos ao secundário os momentos que precisamos passar a sós com Deus, para ouvir a Sua voz e fazer a sua vontade, ficaremos irremediavelmente secos de compaixão.

Por isso, vamos colocar o título da mensagem na ordem correta: "Um coração de Maria nas mãos de Marta". Primeiro a comunhão e depois o serviço religioso.



Mensagem revisada em 13.01.2014.





terça-feira, junho 12, 2012

Mãos de Marta e coração de Maria



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Jesus, Marta e Maria

João Cruzué 

Quando desci à sala para orar,  eu pedi ao Senhor que falasse comigo. E ao abrir a Bíblia antes da oração pude perceber que Ele falou. Então deu-me uma vontade de vir até aqui, para compartilhar. Pela primeira vez eu pude perceber um elo entre os fatos acontecidos na casa de Marta e Maria e a parábola do Bom Samaritano.

 -Senhor fala comigo pela Tua Palavra - pedi. Sei  que há dias  que temos uma necessidade maior de orar que outros e aquela semana em especial, tinha sido bem difícil, pois eram vários os motivos para bater, buscar e pedir recurso onde com certeza eu poderia achar. 

Ao abrir a Bíblia no final do capítulo 10 de Lucas, li primeiro o texto de Marta e Maria. Depois continuei na parábola do Bom Samaritano. São palavras muito conhecidas, mas que  se interligaram e fizeram-se novas para mim. 

A preocupação de Marta era o serviço. Andava para lá, andava para cá... imagino, aranjando lenha, assoprando as brasas do fogo, limpando  panelas, assando um pão, talvez depenando alguma ave ou mesmo temperando um pequeno cordeiro. O tempo passando e a noite chegava, e nada  de Maria. 

Maria se esquecera completamente do serviço doméstico. Assentada aos pés de Jesus, (não havia nem cadeiras nem mesas altas naquele tempo e naquela cultura) ouvia com o coração ardendo o falar do Mestre. O tempo passava e ela não se cansava, como vez em quando ainda acontece em nossos dias, quando a presença do Senhor se faz muito forte em algum culto. 

Marta estava preocupada em servir, e Maria esquecera-se de tudo porque ouvia, e ouvia, e queria mais ouvir as palavras do Senhor. Marta receosa de não dar conta do trabalho deu ordens ao Mestre: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude. 

Comunicação é uma coisa boa; precisamos mesmo nos comunicar. Mas comunhão é algo muito mais profundo. Qualquer um pode comunicar-se, dizer bom dia, boa tarde, reportar o tempo; alguns podem orar acompanhados por uma hora, duas ou quem sabe até uma vigília inteira. Mas nem todos assuntos falados significam comunhão; isto é mais que sabido. Por exemplo: tenho duas filhas. Uma já se casou e a mais nova já tem namorado. Imagine que eu me assente à sala e passe a tarde inteira junto aos dois "segurando vela", como se diz em nossa cultura. Eles podem conversar assuntos os mais variados - mas nenhum deles vai ter a coragem necessária, por exemplo, para dizer "eu te amo".

 Ano de 2011, século XXI - aqui estamos nós. Afadigados, preocupados, sem tempo, como diligentes Martas, quem sabe até dando ordens ao Senhor. É um corre-corre, um subindo-e-descendo, um ensaia-ensaia, um prega-prega, um canta-canta, um ensina-ensina... Domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado e chega o outro domingo. Estamos servindo? Sim! Estamos trabalhando? Sim! Estamos nos afadigando? Muito! Mas, por que estamos vazios e colhendo tão pouco?

 Não temos mais tempo para comunhão com o Senhor. Não somos mais como um noivo/a apaixonado/a. Ele quer nos ouvir e também falar conosco, mas não temos mais tempo para isso. Estamos nos enganando ao pensar que se trabalharmos dez vezes mais seremos muito mais eficientes e a Igreja, o órgão ou departamento que cuidamos vai decuplicar de tamanho. Aí começamos a fazer besteiras, pois não conseguimos mais orientações com Deus. 

A conseqüência disso pode ser entendida na mesma página da minha Bíblia. "Descia um homem de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de salteadores, que o despojaram, espancaram-no, deixando-o quase morto. E ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho um sacerdote, que vendo-o, passou ao largo. Eis que de igual modo, também passava um levita, que também o viu e passou ao largo. 

Quem são o sacerdote e o Levita? Decerto que representam os que conhecem e ensinam palavra de Deus. Apressados, estressados com a fadiga do serviço do altar, não conseguem mais ouvir a voz do Senhor por falta de comunhão. Eles são como as mãos de Marta.

 "Mas um samaritano que ia de viagem aproximou-se do ferido e vendo-o moveu-se de íntima compaixão". Talvez por ter sofrido no passado um ataque semelhante. "E aproximando-se, atou-lhe as feridas aplicando-lhes azeite e vinho. E pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. E partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, deu-os ao hospedeiro e recomendou-lhe: Cuida dele, e tudo o que mais gastares, eu to pagarei quando voltar". Aqui o temos um resultado diferente, pois atuaram em conjunto as "mãos" de Marta e o "coração" de Maria. 

Os três personagens viram a mesma cena, mas suas atitudes foram inesperadas. Os dois primeiros julgaram que sua religião ou seus afazeres eram mais importante e tinham prioridade sobre um estranho caído no chão. O primeiro era um ministro a serviço do altar e segundo seu discípulo. Seus olhos não mais se comunicavam com o coração. Em algum lugar de suas vida eles perderam a compaixão e tornaram-se insensíveis à voz do Espírito que fala. Do samaritano poderia se esperar tudo, menos compaixão.  

E foi assim que entendi antes de começar minha oração, que não importa quão engajados nós estejamos em grandiosos projetos aos olhos alheios ou dos nossos próprios, há uma grande multidão muda, surda e em grande miséria ao nosso redor. Se dermos prioridade as coisas que nos interessam e relegarmos ao secundário os momentos que precisamos passar a sós com Deus, necessários para ouvir a Sua voz e fazer a sua vontade, ficaremos irremediavelmente secos de compaixão.
 

Primeiro, precisa  vir a comunhão com Deus e depois, o serviço.


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quarta-feira, novembro 02, 2011

A ressurreição de Lázaro e as promessas do Salmo 91

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Lazaro
Quadro "A Ressureição de Lázaro"

João Cruzué

A pequena aldeia de Betânia nunca mais foi insignificante depois do milagre que Jesus operou na casa de Lázaro. Se até então a presença do Senhor no cenário politico-religioso de Jerusalém era desdenhada e considerada exótica, assim que Lázaro "acordou" depois de três dias morto, ela se tornou grande demais para ser desconsiderada. Mas, eu não quero meditar no assunto pelo ângulo político. Há coisas muito mais profundas e edificantes neste milagre que uma abordagem política. O milagre não chegou à casa de Lázaro aleatoriamente. Ele veio, ao meu ver, porque a casa de Lázaro estava na condição descrita pelo versículo 14, do Salmo 91.

A Bíblia diz que Jesus era amigo íntimo desta família. Em algum momento que desconheço, o Senhor passou a frequentar aquela casa; imagino que algum de seus discípulos os apresentara, ou mesmo, passando a caminho de Jerusalém, tivesse pousado ali, já por ser muito tarde. E foi por causa desta amizade que Jesus, fugindo de sérias ameaças de morte, voltou para cuidar de Lázaro.

Trazendo este fato para nossos dias, posso ver que vale muito a pena investir tempo para conversar com Jesus. Como você observou, evitei o uso do verbo "orar" e preferi um outro que denota diálogo. De alguma forma sei, que um dos caminhos que nos transportam à presença do Senhor é a oração. Nada novo, pois, era assim que Jesus fazia. Buscar a presença de Jesus. Se obedecermos seus mandamentos, primeira condição, quanto mais tempo passarmos com ele, mas da sua presença estará em nós. E para quê? Para que no dia "D", um dia da grande necessidade, sua voz não soar estranha aos ouvidos de Deus.

Jesus e os discípulos estavam fugindo de Jerusalém, depois daquele confronto com os judeus no Alpendre de Salomão. Confronto que poderia terminar em muitas pedradas e prisões. Iam se afastando, quando um mensageiro chegou e disse que Lázaro estava à beira da morte. Contrariando os conselhos dos discípulos, e esquecendo-se do perigo, deu meia volta por causa do amor que sentia por Lázaro. E por este amor, tudo o mais fora relevado como secundário.

Tenho recebido alguns emails de pessoas contando de situações desesperadoras. Alguns perguntando: E agora, confio no Senhor e espero ou jogo tudo para o alto?

Minha experiência de vida é bem pequena em relação a tantos cristãos, mas eu aprendi a servir ao Senhor tanto com o bolso cheio quanto vazio. Onze anos vazio, para ser exato.

O que eu posso dizer? Bem, a resposta está no Salmo 91, v.14, onde a providência de Deus está condicionada ao nosso amor por Ele.

Com certeza havia muitos "lázaros" moribundos ou mortos em Jerusalém e aldeias circun-vizinhas. Por que o milagre ficou restrito à casa de Lázaro? Há mais de uma resposta. Uma delas, porque era assim a vontade de Deus, mas vou ficar com a seguinte: A casa de Lázaro, inteira, amava Jesus e este amor não brotou apenas nos dias da ressurreição. Ele já havia fincado raízes há mais tempo.

No tempo da grande adversidade, em que o favor de Deus é um requisito imediato, há alguma coisa em nós ou em nossa casa que possa chamar a atenção de Deus em nosso favor - principalmente se formos conhecedores da sua palavra?

Bem, nunca é tarde para começar. E provamos nosso amor pelo Senhor quando procuramos nos achar envolvidos - sempre - com alguma coisa que agrada seu Espírito. E se ainda não sabemos no que nos envolver, é porque temos colocado a sua vontade em segundo ou terceiro planos.

Isso pode levar a um final muito triste. No dia que você estiver mais precisando, também ser deixado em segundo plano. É daí que vêm as desculpas de naufrágio na fé: "Orei, clamei, bati... mas como Deus não me ouviu , é porque não se importa."

A família de Lázaro amava Jesus. Uma das provas disso está registra em três livros do Evangelho. Houve um Jantar também em Betânia. Na casa de Simão, o leproso. Naquela oportunidade ela entrou com um vaso de alabastro nas mãos, e derramou o mais puro nardo nos pés de Jesus, e com os longos cabelos os enxugou. Interessante! Havia tantos discípulos, e só uma pessoa se colocou no centro da vontade de Deus para ungir o corpo de Jesus - ainda em vida.

Ungiu com um espírito voluntário. Sem interesses mesquinhos.

A ressurreição de Lázaro, se não foi o maior, foi um dos maiores milagres operados por Jesus. E ele eferveceu inteiramente a cidade de Jerusalém. Foi a última oportunidade que os Judeus tiveram para se reconciliar com Deus. Mas eles não estavam interessados em reconciliação.

O grande milagre da ressurreição de Lázaro não aconteceu em qualquer casa nem em qualquer família. Deus preparou o tempo, a hora e o lugar para atender um pedido de oração de uma casa que amava e honrava profundamente seu filho - o Senhor Jesus Cristo.

Jesus confrontou a morte para trazer Lázaro de volta à vida, para atender à vontade do Pai. E agora quero terminar este texto, citando os três últimos versículos do Salmo 91, onde a condiçãoda vitória da família de Lázaro está no versículo 14:

"14. Pois que tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em um alto retiro, porque conheceu o meu nome.

15. Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; livrá-lo-ei e o glorificarei.

16. Dar-lhe-ei abundância de dias e lhe mostrarei a minha salvação!"



segunda-feira, abril 11, 2011

Mãos de Marta e coração de Maria

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Mary
Maria, Marta e Jesus.

João Cruzué

Ontem quando
desci à sala para orar, eu pedi ao Senhor que falasse comigo. Ao abrir a Bíblia antes da oração, pude perceber que como Deus falou. E como sempre costuma de fazer: vim para compartilhar com você. Pela primeira vez percebi um há um forte elo entre os fatos passados na casa de Marta e Maria e a parábola do bom samaritano.

-Senhor fala comigo pela sua Palavra, eu pedi. Sabe, há dias em que temos mais necessidade de orar que outros, e esta semana tem sido bem difícil, pois vários são os motivos para bater, para buscar e pedir recurso onde se pode achar.

Meu antigo companheiro, auxiliar dos meus tempos de "pastor" está fazendo quimioterapia. A esposa de outro amigo de muitos anos, também colega de ministério, jaz em um leito de UTI, há três meses. Seu cérebro foi muitíssimo danificado com três paradas cardíacas.

Isso ainda não é tudo.

Um antigo Pastor, dos meus tempos de jovem, está há mais de 12 anos em uma cadeira de rodas, deprimido. Não mais lê, deixou a fisioterapia, disse-me que apenas fecha os olhos e ora constantemente. Depois de ter sofrido um derrame, teima que só voltará à Igreja depois de curado e de uma forma maravilhosa. E já se passaram mais de 12 anos. Como pode notar, eu não conseguiria mesmo estar com a minha alma tranqüila diante dessas coisas tristes.


Ao abrir a Bíblia pude ler a página inteira do final do capítulo 10 de Lucas. Primeiro o texto de Marta e Maria, continuando na parábola do bom samaritano. São palavras muito conhecidas, mas que ontem se fizeram novas para mim.

A preocupação de Marta era com o serviço: andava para lá, andava para cá. Imagino: aranjando lenha, assoprando as brasas para o fogo, limpando panelas, assando pão, talvez cozinhando alguma ave ou mesmo temperando um pequeno cordeiro. O tempo passava depressa, o dia ou noite estava chegando, e nada da ajuda de Maria.

Maria se esquecera completamente do serviço. Assentada aos pés de Jesus, (não havia nem cadeiras nem mesas altas naquele tempo e naquela cultura) ouvia com o coração ardendo as palavras do Mestre. O tempo passava e ela não se cansava, como de vez em quando ainda acontece em nossos dias, quando a presença do Senhor se faz muito forte em algum culto.

Marta estava preocupada em servir, e Maria se esquecera de tudo porque ouvia, e ouvia, e queria ouvir mais aquelas palavras que alcalmavam seu coração. Maria não desejava sair da presença de Jesus.

Marta, receosa de não dar conta do trabalho, deu ordens ao Mestre: "Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude".


Comunicação é uma coisa boa; precisamos mesmo nos comunicar. Mas comunhão é algo muito mais profundo que comunicação. Qualquer um pode se comunicar, dizer um bom dia, boa tarde, falar sobre tempo. Alguns podem até orar em grupos por uma hora, duas ou quem sabe até uma vigília inteira. Mas nem todos assuntos falados significam comunhão; isto é mais que sabido.

Por exemplo: Tenho duas filhas. Uma já se casou e a mais nova está namorando. Imagine que eu me assente à sala e passe a tarde inteira junto aos dois "segurando vela". Eles podem conversar assuntos os mais variados - mas nenhum deles vai ter a coragem necessária, por exemplo, para dizer para o outro "eu te amo".


Ano de 2011, século XXI - cá estamos nós. Preocupados e sem tempo, como diligentes e afadigadas Martas, quem sabe até dando ordens ao Senhor. É um corre-corre, um sobe-e-desce, um ensaia-ensaia, um prega-prega, um canta-canta, um ensina-ensina... Domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado e chega o outro domingo. Estamos servindo? Sim! Estamos trabalhando? Sim! Estamos nos afadigando? Muito! Mas, por que estamos vazios e colhendo tão pouco?

Não temos mais tempo para estar em comunhão com o Senhor. Não somos mais como um noivo/a apaixonado/a. Ele quer nos ouvir e também falar conosco, mas não temos mais tempo para isso. Estamos nos enganando ao pensar que se trabalharmos dez vezes mais seremos muito mais avivados. E, a Igreja, o órgão ou departamento que cuidamos, vai decuplicar de tamanho. Assim começamos correr e fazer besteiras, pois não temos mais tempo para ficar na presença do Senhor até que nosso coração fique em paz e nos orientemos sem erro debaixo de suas asas.

A consequência disso pode ser entendida na mesma página da minha Bíblia. "Descia um homem de Jerusalém para Jericó. E caiu nas mãos de salteadores, que o despojaram, espancaram, deixando-o quase morto.

E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho um sacerdote que, o vendo, passou ao largo. Eis que de igual modo, passou um levita, que o viu, mas também passou ao largo.


Quem são sacerdote e Levita? Decerto que representam os que conhecem e ensinam palavra de Deus. Apressados, estressados com a fadiga do serviço do altar, não conseguem mais ouvir a voz do Senhor por falta de tempo para estar em comunhão com Deus.. Eles são como as mãos de Marta. Muito serviço, muita fadiga, e pouca compaixão.

"Mas um samaritano, que ia de viagem, se aproximou do ferido e vendo-o moveu-se de íntima compaixão". Talvez por ter sofrido no passado um ataque semelhante, aproximou-se, atou as feridas do caído, aplicando-lhes azeite e vinho. E pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. E partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, deu-os ao hospedeiro e recomendando-lhe: Cuida bem dele, e tudo o que mais gastares, eu to pagarei quando voltar".

Aqui temos um resultado diferente, pois atuaram em conjunto as "mãos" de Marta e o "coração" de Maria.


Três personagens viram a mesma cena, mas suas atitudes foram inesperadas. Os dois primeiros julgaram que sua religião ou seus afazeres religiosos eram mais importantes, tinham prioridade sobre um estranho caído no chão. O primeiro era um ministro a serviço do altar e segundo seu discípulo. Seus olhos não mais se comunicavam com o coração. Em algum lugar de suas vida eles perderam a compaixão e tornaram-se insensíveis à voz do Espírito Santo. Do samaritano poderia se esperar tudo, menos compaixão, afinal ele não era teólogo, nem escriba, nem umdoutor da Lei.

E foi assim que entendi, antes de começar minha oração, que não importa quão engajados estejamos. Não importa quão grandiosos projetos estejamos planejando, diante dos olhos alheios ou dos nossos próprio. Há uma grande multidão muda, surda, em grande miséria ao nosso redor. Se dermos prioridade às coisas que nos interessam e relegarmos ao secundário os momentos que precisamos passar a sós com Deus, até ouvir Sua voz, ficaremos irremediavelmente secos de compaixão.

A prioridade correta fará inverter a cultura da pressa e teremos um "Coração de Maria controlando as mãos de Marta". A comunhão com Deus precede o serviço.






domingo, maio 09, 2010

O significado de estar com Jesus

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Chinesa adorando o Senhor

João Cruzué

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Marta Recebeu Jesus em sua Casa.

Maria era irmã de Marta.

Marta estava distraída em muitos serviços.

Maria assentou-se para estar ao pé de Jesus.

Marta foi se queixar.

Senhor, manda Maria ajudar-me

E Jesus lhe respondeu:

Marta, Marta. Por que está ansiosa

e fadigada com tantas coisas?


Maria escolheu a boa parte. A melhor parte.

Maria se esqueceu de tudo

quando estava na presença

do Senhor.


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Você sabe o que significa estar na presença do Senhor, para ouvir a voz Dele? Vou contar aqui duas oportunidades que tive. Por duas vezes a presença do Senhor deixou sua marca indelével em minh'alma. É por isso que eu sei porquê Maria se esquecera completamente do trabalho e não se moveu de diante da presença Jesus.

Na primeira vez, eu estava com o Irmão Enoque na Igreja Assembleia de Deus do Brás, à Rua Major Marcelino. Não eram palavras, era o Espírito de Deus derramando uma alegria tão grande que meu coração se apertou e os olhos molharam a minha face. O pastor pregava, a Igreja estava calma e eu estava na presença do Senhor.

A segunda, foram poucos anos depois. O Pastor Luiz de França pregava e eu estava na Congregação do Jardim Novo Santo Amaro. Era um culto calmo, mas não continuou assim por muito tempo. Pelo menos para mim. Sei que Deus fala com seus filhos, todavia nem sempre com todos no mesmo dia e local. A Igreja estava em silêncio, mas meu coração começou a arder. E meus olhos começaram a loubar a Deus com lágrimas que desciam pelo rosto. Eu tinha encontrado um cantinho do céu naquela Igreja.

Eu posso lhe dizer, hoje, com certeza, porquê Maria se esqueceu de tudo..