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terça-feira, abril 30, 2013

A volta da teologia da libertação

Padre Marcelo Rossi
João Cruzué

A Folha de São Paulo traz hoje na folha A14 uma entrevista feita por Diógenes Campanha com o Padre Marcelo Rossi. Entre outros temas comentados está de volta ao cenário nacional a velha "Teologia da Libertação" defenestrada pelo Cardeal Ratzinger ex-prefeito da Congregação para Doutrina da Fé da Igreja Católica, sob a então batuta anti-comunista de João Paulo II. Isto pode ser muito bem entendido pelos recentes rumores agora confirmados pela oposição do carismático Padre Marcelo.

Foi a Igreja Católica, segundo Padre Marcelo que deu origem ao PT, mediante as  "CEBs - Comunidades Eclesiais de Base. E lembro-me bem disso, no começo dos anos 80, quando os anos de chumbo da ditadura militar estavam no mim, do apreço que os Jesuitas da minha Faculdade (São Luís) tinham por Luiz Inácio da Silva. Comprei inclusive um livreto "Aí a peãozada partiu pro pau" autografado pelo próprio, na Livraria Loyola da Rua Hadock Lobo. Convites para ouvir no Teatro Tuca, da PUC de São Paulo, sobre a Carta Encíclica "Laborem Exercens" de João Paulo II, publicada em 14 setembro 1981. Sim, eu estava lá, e na mesa dos conferencistas estava um trabalhador convidado.

Mas, não passou muito tempo e João Paulo II, que tinha horror ao comunismo, escaldado da Polônia, sua terra natal, com o passar do tempo bateu de frente com frade franciscano conhecido como  Frei Leonardo Boff, que primeiro foi "convidado" a ficar em silêncio obsequioso até se desligar da Sé em 1992. Com ele também estava Frei Beto, amigo próximo e consultor de Lula no primeiro mandato da presidência.

Padre Marcelo é representante da Ala Carismática da Igreja Católica, a vertente tolerada e utilizada pelo Vaticano para suprimir a Teologia da Libertação,  que na forma era religiosa mas na essência era a pregação de um Cristo socialista, amigo dos pobres e inimigo dos ricos. Simples assim. Na cidade onde cresci, havia uma Casa chamada Mobon- Movimento Boa Nova, onde havia doutrinação comunista m-e-s-m-o! As pessoas simples da minha terra eram treinadas a não cumprimentar quem tivesse alguma posse em terras. Coisa que escandalizaram meus pais - extremamente católicos - mas que se tornaram evangélicos, entre outras coisas, pois detestavam ideias comunistas.

As CEBs podem estar de volta. Pelo menos, a julgar pelo noticiário não é mal vista pele atual Papa Francisco.  Aparentemente, seus auxiliares mais próximos têm simpatia pela volta desta forma de evangelização, amparados pelo votação expressiva do Cardeal Jorge Mário Bergoglio já no processo de eleição de Bento XVI. E agora, com a renúncia deste, o Cardeal argentino voltou a ser lembrado, ganhado a eleição de forma tranquila, creio eu, por ter ideias bem diferentes do Cardeal Ratzinger.

Podem até dizer que não, mas Padre Marcelo Rossi foi bem claro na entrevista quando questionado pelo fato de que na assembleia da CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil feita em abril foi indicado aos presentes que a Igreja quer incentivar o retorno das CEBs na tentativa de recupera  o espaço que vem perdendo para as Igrejas Evangélicas.

Imagino que Padre Marcelo seja mesmo contra, pois se a Igreja Católica Latino-Americana se voltar outra vez para a esquerda, a ala carismática da Igreja Católica vai perder força. O padre carismático disse que "acha" importante as CEBs, mas que hoje o povo precisa de grandes espaços. Se bem entendi, aquele ambiente "familiar" de pouca gente, onde o veneno comunista era destilado no ouvido dos pobres gota a gota, segundo o entendimento do padre não deve voltar mais.

O fato novo é que a era Ratzinger passou e a de Bergoglio começou. O cabo de força entre a ala carismática e os adeptos da teologia da libertação pode estar apenas começando. E como ele já deixou  raízes e muita simpatia no passado, agora é a vez dos carismáticos declinarem ou se reciclarem. Se isto for verdade, uma das primeiras coisas que vão resolver, será a formação de leigos, casados, para fazer o trabalho de evangelização (doutrinação) da Igreja Católica. Digamos que vem aí o cargo de "presbítero" da Igreja católica, a função mais alta que um leigo poderia, eventualmente, atingir dentro da Igreja de Roma. Mas, isto é só especulação de minha parte.

Padre Marcelo e os padres carismáticos da Rede Canção Nova de Cachoeira Paulista devem estar   bem preocupados neste momento, pois a simpatia do ex-Cardeal Bergóglio ao movimento eclesiais de base parece consistente.  Sobre este assunto é o próprio  Frei Leonardo Boff  quem confirma. Onde há fumaça... há fogo!






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sexta-feira, abril 22, 2011

Pe Marcelo Rossi chuta o balde em entrevista na Veja

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João Cruzué

Fui surpreendido com a franqueza do Padre Marcelo Rossi em entrevista feita pela jornalista Adriana Dias Lopes da Revista Veja/Abril de 20.04.2011. Eu não imaginava que o distinto vigário chutasse de modo tão aberto o pau da barraca e contasse para todo mundo sua decepção com os organizadores da visita de Benedictus XVI ao Brasil. Padre Marcelo, não sei por qual razão, reclamou do desprezo.

Não é novidade a manipulação dos pauzinhos por ocasião de grandes eventos religiosos, sejam católicos ou evangélicos. Na lista de participantes dos eventos sempre há discriminação. Proposital, inclusive. Se Padre Marcelo deseja "se aparecer" não o percebi, acho que queria, como tantos outros, cumprimentar o Papa. Mas escalado para cantar às 05.30 da manhã, em horário que Benedictus XVI estavvesse dormindo - foi a gota d'água para os sentimentos do Padre, já certamente acutilado há algum tempo pelo carisma e sucesso que tem e faz.

Como evangélico poderia ter escolhido outro tema para comentar. Mas como cristão, creio que este assunto vai ter o troco. Padre Marcelo acertou uma forte pancada na ferradura, mas a pancada maior ainda está por vir - de Roma. Ademais apreciei a menção dele à boa Doutrina da Igreja Evangélica Ass. de Deus, onde este blogueiro congrega desde 1975.

Se o aclamado vigário não tomar cuidado e engolir as coisas que pensa, pode acabar mudo e com as "asas" cortadas da mesma forma que fizeram com Frei Leonardo Boff. A Igreja cristã sempre teve um jeito bem eficiente de cuidar de suas lideranças mais expressivas. Elas incomodam, mas são provisoriamente necessárias para alterar o movimento inercial. Depois são descartadas como um caroço de manga. Se alguma coisa brilhar no céu de alguma grande Igreja cristã, e perturbar o status quo do poder local, enquanto ela não se for apagada, não ficarão descansados.

Vem aí, em breve, um silencioso ofício de Roma endereçado ao Bispo supervisor de Padre Marcelo, puxando as orelhas dos dois, para que calem a boca! Você e eu vamos perceber isso logo. Imagino até, que depois da construção do templo, uns dois anos depois, o astro-vigário vá ser "convidado" a pasar um tempo no Vaticano ou na África para "espairecer"!

Como explicar a franqueza do Padre? Acho que ele foi guardando as pancadas recebidas até o ponto que não conseguiu mais ficar quieto. Também pode ser um pouco de presunção. Quem é que não tem isso? Por outro lado, as ações dos que "esqueceram" propositalmente do Padre, nos dias da visita papa, só podem ser identificadas como dor de cotovelo mesmo.

Pessoalmente creio que o Vaticano detesta o seguimento carismático, florescente na Igreja Católica Brasileira. Mas eles não tinham nenhuma outra ação para passar a borracha na "Teologia da Libertação" comandada pelo "comunista" Frei Leonardo Boff. Eu que me graduei em Faculdade Jesuíta, sem muito bem como a coisa aconteceu. O movimento carismático, sem sombra de dúvida, é tolerado, mas não louvado na cúpula da Igreja de Roma. É puro pragmatismo.

No final de tudo, qualquer inovação na Igreja Católica será considerada boa, desde que no final de tudo, Maria volte para o centro dos louvores e adoração da Igreja Católica, que ao meu ver está mais para uma Igreja Mariana, do que para uma Igreja Cristã - pelo menos no Brasil, excetuando a idiossincrasia da ala carismática.





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